segunda-feira, 19 de abril de 2021

Encontro ou amor (Fausto Fawcett)

 


Vivo clandestina e não é mole essa vida clandestina
Mas posso me orgulhar da qualidade da minha pele
E da temperatura do meu beijo,
eu quero fazer com você um pacto de delicadeza.
Eu quero me sentir Alteza,
para te ceder todos os músculos
Será arbusto dos seus beijos
Vamos sair esburacando a madrugada
trocando beijos e tragadas
A lua é uma lantejoula da Nasa
que brilha leitosa no meu vestido estrelado. 

domingo, 21 de março de 2021

Como Defender um Assassino (How To Get Away With a Murder)


Não sou crítico de cinema, de séries ou algo do tipo.

Apenas escrevo impactado pela série “Como defender um assassino” – tradução em português.

Minha formação é em teatro e sempre prestei muito atenção no texto, seja ele teatro, novelas, filmes e até mesmo de músicas que ouço cotidianamente, e ainda inspirado pela forma como atores e atrizes utilizam a palavra com intenções, inflexões e potências. Marília Pera fazia isso com maestria, soletrava a palavra sempre de fácil entendimento quando saía de sua boca, dava à ela a função protagonista na cena, tudo muito bem estudado previamente, como podíamos perceber.

Hoje no mundo das séries fico alucinado com a forma que os escritores amaram as cenas, logicamente de forma intencional, e nos prendem meses a fio na condução daquelas histórias que parecem nos sugar para dentro dos televisores e aparelhos afins.

Peter Nowalk, criador da série, nos conduz através da personagem Annalise Keating aos meandros da justiça em uma escola de direito e um tribunal norte-americano. O que se põe em questão ali vai além do caráter social e psicológico das personagens que num primeiro momento poderiam ser classificadas em “inocentes” ou “culpadas”, mas a série foca principalmente nos meandros da “justiça”, conchavos e armações para que os egos e a fama dos defensores sejam contemplados sem o menor pudor e senso se alteridade.

A narrativa nos leva a pensar, e perceber, o quanto a justiça está diretamente ligada aos interesses pessoais dos envolvidos nos casos e extrapola, indo cair nos interesses políticos que formam Estados com essa ou aquela conduta “moral” (no Brasil, as pessoas que tem boa memória certamente lembram do caso de um juiz que por interesses políticos, ajudou o país a mergulhar nesse poço sem fundo e vergonha mundial que se encontra no momento).

Na série as histórias dos personagens se misturam a da protagonista Annelise e formam uma teia de intrigas que se estabelecem numa relação de vai e vem entre o presente e o passado.

O texto muito bem escrito, desde o título de cada episódio que vira palavra na boca das personagens, amarra o espectador que por todo o tempo fica em dúvida, ora culpando e ora absolvendo todos os personagens da trama.

Não posso deixar de destacar a interpretação magnífica de Viola Davis, atriz que eu ainda não havia parado para perceber – sim, a palavra originária é perceber que se desdobra em observar, estudar e aprender. Uma atriz que fala através dos olhos, em cenas que se destacava a utilização da palavra em tom baixo e pouca projeção – quem trabalha com interpretação sabe que isso não é fácil. A capacidade dessa atriz de montar e desmontar personagens dentro da própria Annalise sem perder a essência primeira da advogada de sucesso e professora de direito com um passado cheio de marcas, é impressionante! As mudanças que me refiro não são as de roupas, maquiagem e perucas utilizadas pela atriz, mas sim do movimento interno para compreender cada momento da personagem, cada fase da sua vida.

Como Defender um Assassino é uma série que desvenda nossos olhos para as brechas e interesses de uma justiça que talvez advogue apenas em causa própria. Não põe em cheque o maniqueísmo de cada personagem, mas hibridiza essa questão em todos eles. Certamente é uma série que fala de individualidades, mas também de fatores que movem a máquina do mundo no sentido de manter as relações endurecidas, cristalizadas e ocultas por interesses daqueles comandam e sempre comandaram a humanidade.

Vou me deter aqui apenas às questões artísticas da série, mas fica explícito que nela existem muitas outras questões que podem, e devem, ser observadas, cito as de gênero e étnico-raciais. Certamente existem pessoas mais qualificadas que eu para escrever sobre esses temas tão caros e importantes para nosso tempo.

Vale muito assistir cada capítulo de cada temporada.

Super indico...

* Imagem: https://howtogetawaywithmurder.fandom.com/wiki/Season_1

domingo, 21 de fevereiro de 2021

 

"Dionísio, a encarnação da embriaguez e do arrebatamento, é o espírito selvagem do contraste, a contradição extática (de admirada) da bem-aventurança e do horror"
(Margot Berthold, 2014, p.104)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

ME REPENSO NA FRASE DE GIL:

"Não faço nada em minha carreira para acrescentar. Faço para ser cada momento íntegro, como o primeiro".
GILBERTO GIL


sexta-feira, 3 de julho de 2015

A roda da saia do meu Orixá


A roda da saia do meu Orixá gruda na pele de quem a veste.
Faz girar nossos mundos internos a cada volta que da em torno de si.
Movimenta corpos, mexe com as escritas e proporciona experienciações ás in-corporações dos corpos-em-vida.
A roda da saia do meu Orixá flameja aqueles que nela buscam zombarias, pois existe apenas nela mesma, se justifica e legitima nos terreiros, casas, ilês e choupanas onde silenciosamente acontece.
É uma roda fora de eixo que desequilibra, mas não deixa cair.
Pode ser roda de carroça, desenho de átomo, constelações do universo, bolha de sabão, anéis de saturno, carrossel e todo aquele que se joga no desconhecido mundo da gira.
A roda da saia do meu Orixá abraça formando círculos com os braços e afaga nos circulares traços dos corações. É ela quem me põe no contragiro do mundo.
Girando na roda da saia do meu orixá, faço tremer meu corpo-terra e escrevo na pele tudo aquilo que a palavra jamais será capaz de descrever: a temperatura do riso e o gosto da lágrima.
A roda da saia do meu Orixá tem o poder de criar outros mundos e neles me fazer caminhante, na direção de uma nova forma de enxergar a pedagogia do mundo, ou a pedagogia da gira...

IMAGEM: ROBERTO MATTA

domingo, 28 de dezembro de 2014

Poema da Cabocla-Sereia

Em meus ouvidos vive uma Cabocla.
Uma Cabocla-Sereia filha de Iemanjá,
Que banha seus filhos com águas de puro sal.
Sal que tempera, cura, arde, fortalece,
E empurra o mal para longe,
Trazendo coisas boas
Com a força de suas ressacas.
Minha Cabocla-Sereia canta,
E a vida se enche de sons e cheiros,
E assim ela harmoniza meu coração.
A Cabocla-Sereia adormece no meu peito,
Do lado esquerdo.
Nada em meu sangue e
Preenche meu ser.
Talvez um dia a Cabocla-Sereia nasça,
Na forma de uma linda menina,
Sereia, Iemanjá, Maria ou Janaína.
Enquanto isso não acontece,
A cabocla-Sereia me ensina que
A vida ...

É onda...

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Pensamento do dia:

"NÃO VOU MUDAR, ESSE CASO NÃO TEM SOLUÇÃO!
SOU FERA FERIDA NO CORPO, NA ALMA E NO CORAÇÃO."


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Quando pulamos da cama




Todo processo de criação é algo que abre espaços em nós, seja ele para a escrita de uma dissertação, seja na concepção de um espetáculo de teatro. A movimentação ou, o movimento/ação, que nos permite ir além das expectativas e buscar o inusitado surge em horas despreparadas e de sono, quando em meio a uma certa sonolência metafísica, refazemos o caminho de volta, pulamos da cama e dizemos BOM DIA aos nossos projetos...

Mestrado + Uma carta para Camille Claudel

BOM DIA !!!

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

FESTIVAL PEDRITENSE DE TEATRO

Depois de algum tempo em estado de inércia, Camille Claudel volta aos palcos. Desta vez no 14º Festival Pedritense de Teatro. Um processo que será sempre inacabado por algum "Algo de Ausente que me atormenta..."
A Companhia que não tinha nome até o momento, hoje se configura como CIA DE TEATRO CABOCLOS DA CIDADE

Elenco:
Francine Mohammed
Juliane Grinberg
Lívia Soares
Tainara Urrutia

Direção:
Hélcio Fernandes



domingo, 25 de março de 2012

UMA CARTA PARA CAMILLE CLAUDEL

A peça UMA CARTA PARA CAMILLE CLAUDEL, é a continuação de um trabalho realizado pelos alunos do curso de Teatro Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas - UFPel. Com o intuito de trazer à cena não apenas um apanhado geral sobre a vida e obra da escultora francesa C...amille Claudel, o espetáculo é uma forma de discussão do papel da mulher nos dias de hoje, traçando um paralelo às condições de vida feminina de dois séculos atrás. Corpo, desejo, trabalho, interdição e liberdade são alguns dos temas trazidos à discussão. " Vivemos um momento onde a mulher é vista como um pedaço de carne exposto nos bailes (baladas), na televisão, nas revistas e no imaginário de muitos que as vêem apenas como um produto de consumo e entretenimento.
Uma Carta Para Camille Claudel traz a sutileza do toque e da pele, hoje perdidos pelas relações cada vez mais virtuais e efêmeras. Não pretendemos aqui fazer nenhum julgamento de valores, e muito menos santificar ou crucificar nossa personagem. Apenas gostaríamos que cada um que saísse desse teatro pudesse se questionar sobre questões tão latentes, e muitas vezes mascaradas, presentes no dia-a-dia de cada indivíduo. Loucura ou desespero? Arte ou exibicionismo? Mulher ou objeto de desejo? Qual o papel das mulheres nos dias de hoje? Onde estão as artistas do século XXI? Existe reflexão sobre obras de arte? E sobre o teatro?
O elenco de UMA CARTA PARA CAMILLE CLAUDEL conta com Francine Furtado, Francesco D'ávila e Sirlei Karkzeski, Iluminação de Maicon Barbosa e Carolina Ferreira, Composição coreográfica de Franciele Serpa e Trilha Sonora, Figurinos e Direção de Hélcio Fernandes.
UMA CARTA PARA CAMILLE CLAUDEL
Dia_ 27_03_2012
Hora_ 20h30min
Local_ Teatro do COP (Alm. Barroso, 2540)