quarta-feira, 4 de março de 2009

Numa noite de Insônia.

Minha cabeça parece ter inchado nessa ultima semana.
Querer ser mil e um em vez de ser apenas um (eu).
O ponto de partida parece estar ficando a cada dia mais claro,
E mais perto.
Eu sei aonde chegar e como chegar,
Soltar-me.
O livro, o artigo, a caneta azul e a escrita no computador.
A voz serena que pede pro filho dormir,
A mão que se estende e me entende, me atende.
As horas da noite que quase já virou dia.
Um corpo pronto pra luta, porém cansado.
A maluquice dos dias.
As novas descobertas e ás novas descobertas,
De um ser que não é um polvo, que não pode abraçar o mundo,
E nem tem a pretensão de abraçá-lo,
Mas sim que quer somá-lo, pluralizá-lo e desmistificá-lo.
Te agarro nas minhas mãos e sinto o teu cheiro empoeirado,
Como há muitos meses não o havia feito.
Eles todos me olham,
Querem me abrir às páginas como se eu fosse objeto deles.
NÃO.
Eu agora sou meu, minha palavra, minha escrita, meus olhos.
Não me lêem com o tamanho zelo e a delicadeza
Da qual eu tanto necessito.
É como se me usassem para poder
Aumentar a altura dos monitores de computadores
Ou então sei lá, como um peso que segurasse as portas em dia de vento.
Fragilidade.
Carência.
Eu estou pressionado, e impressionado,
Com esse inchasso na minha cabeça.
Coletividade vinda de uma unidade.
Cada um tem o seu lugar,
A sua tarefa,
Não apressá-los para não ter que abandoná-los.
Um navio sendo saqueado por piratas em alto mar
E depois naufragando lentamente no mar-oceano.
Mas no final de tudo, salvo por uma Janaína, Iemanjá,
Sereia do mar, de cabelos curtinhos e cacheados.
Me paga na mão e me leva pra vida,
Essa vida que chega ate mim através dos meus olhos.
Olhos difíceis de serem decifrados, mas por ti então bem observados.
Existem luzes que não se apagam jamais,
Diferente de todas que observamos apagarem durante a madrugada
Através da janela da nossa cozinha.
Me aceito, me erro e me refaço sempre com alguma correção.
Me revigoro.
PALAVRA.
Eu não sou um polvo, tenho apenas duas mãos.
E essas servem agora para me abraçar,
Para fazer com que esse inchasso na minha cabeça pare
E pra que eu tire essa nuvem da minha frente
E possa olhar nos meus próprios olhos.
Me vejo com a consciência de que sim.
Sim
Sim
Sim
Sim
É possível sim.
Minha vida, meu ar, minha arte, minha religião.
Meu EU.

TXAI